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Escritor Aguinaldo Figueiredo: um contador de histórias que erguem o Amazonas

O seu conhecido e plausível estilo de um historiador que sabe como ninguém garimpar fatos históricos, faz dele um especialista que se consagra como um dos maiores e mais importantes escritores do estado do Amazonas.

Manaus – Lá no Manoa, aquele bairro sonoro, de um silêncio paradoxal, mora há algumas décadas o escritor Aguinaldo Figueiredo, um historiador que jamais se extenua em contar a existência amazônica e as suas peculiaridades dissonantes. Desde a documental autoridade em historicizar os fatos amazônicos e toda a sua história formal, até a volúpia histórica que “avoa” nas asas da obra de Aguinaldo, a gente encontra registros de episódios que nos alarmam de saudade de um tempo que muitos de nós sentiríamos vontade de reviver.

Um cidadão indagador, desses que deixa o sangue chegar aos olhos diante de um cenário de injustiça social. | Foto: Synthia Queiroz/PVA.

Na boca da noite de uma sexta-feira calma e ainda meio pandêmica, a equipe do PVA foi à casa tranquila do escritor Aguinaldo Figueiredo para uma entrevista especial dentro do Programa “Autores da Amazônia”, da Rádio Cultural da Amazônia e do Portal Voz Amazônica, apresentado pelo jornalista, radialista e também escritor Paulo Queiroz, sob a direção de Synthia Queiroz. Foi mais de uma hora de ‘cambiamento’ de palavras lúcidas, cujos momentos foram regados por sorrisos e por conhecimento.

Experiente escritor caboclo

Aguinaldo Figueiredo é professor, escritor e historiador formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Nasceu em Manaus, lá no bairro de Santa Luzia, onde passou sua infância e adolescência. É um dos escritores que mais vende livros de História do Amazonas, e escreveu, durante três anos, as colunas de História do Amazonas e Museu do Conhecimento, publicações dominicais do jornal “O Estado do Amazonas”, o que lhe valeu Votos de Aplausos no Senado Federal em 2004.

O escritor possui mais de 500 artigos publicados em diversos jornais e revistas, tais como a Folha Comercial do Amazonas, O Estado do Amazonas e a Revista Big Amazonas, entre outros. O autor é humanista e é também um estudioso de problemas educacionais e sociais contemporâneos, e milita em vários segmentos da Sociedade Civil Organizada deste Estado em defesa do direito de cidadania para todos.

Apenas algumas da obras de Aguinaldo Figueiredo, um escritor que não para de produzir. | Foto: Synthia Queiroz/PVA.

Trata-se um cidadão indagador, desses que se inquieta sempre, e que deixa o sangue chegar aos olhos quando está diante de um cenário de injustiça social, e essas coisas que estarrecem a mais brutal das percepções. Aguinaldo Figueiredo guarda em suas concepções políticas as misturas mais marcantes e emblemáticas de quem já experimentou inúmeras eras e tempos políticos diferentes, sem deixar saltar aos olhos que ‘bandeira’ hoje ele de fato ele sustenta.

Não é uma tarefa fácil saber se o escritor é um comunista, um socialista, um anarquista, um amazonista, um brasilianista, ou se simplesmente ele é um saudosista das boas políticas. Certo mesmo é que ele é um inquiridor dos tempos infaustos que a perturbadora e corrompida política atual nos impõe. A bem da verdade, para a equipe do PVA, ele pareceu também ser tudo isso junto, num mesmo paneiro.

Obras que o Amazonas precisa

A experiência literária de Aguinaldo Figueiredo é precoce, e ao PVA ele disse que a escrita o arrebatou como uma paixão que estremece as estruturas de um ser, o que para ele se tornou um caminho sem volta. Mas Aguinaldo nunca quis mesmo regressar. Desde que foi ‘abduzido’ pela grande ‘nave’ da literatura, ele descobriu ‘outro mundo’: o mundo das palavras e das histórias que servem de sangue ao corpo de um povo, e que funcionam como ossos para um Estado. Ele escreve o Amazonas e as sombras amazônicas há muitas décadas.

Aguinaldo Figueiredo concedendo entrevista ao Programa “Autores da Amazônia”, da Rádio Cultural da Amazônia e do Portal Voz Amazônica, apresentado pelo jornalista e escritor Paulo Queiroz. | Foto: Synthia Queiroz/PVA.

Um grande vendedor de livros

Aguinaldo já publicou mais de 30 obras oficiais, entre livros cronológicos de leitura universalizada, história e edições didáticas utilizadas há muito tempo nas escolas amazonenses, e a elogiável versatilidade com a escrita o capacita a produzir mais de uma obra concomitantemente. Suas obras despertam o aprendizado, e são coroadas de verdades fáticas e excelência na sua produção. Um, em especial, “Nos Caminhos da Alegria: Roteiro Histórico e Sentimental da Boemia de Manaus”, foge um pouco da história comum – por assim dizer – e retrata os tempos eufóricos dos cabarés, lupanares e bares amazonenses.

Uma das obras premiadas: “Nos Caminhos da Alegria: Roteiro Histórico e Sentimental da Boemia de Manaus”. | Foto: Paulo Queiroz/PVA.

Ao ler essa obra, a reprodução de um filme mental é automática em nós. A assustadora idiossincrasia de um tempo e de outro, contida em “Nos Caminhos da Alegria: Roteiro Histórico e Sentimental da Boemia de Manaus”, irrompe em diferenças gritantes: naqueles tempos nem tão distantes assim, nas noites, nas madrugadas insones, na boemia, a liberdade de ir e vir, os desejos de simplesmente sair por aí, andar, tomas uns tragos, fumar uns cigarros, charutos, sem a preocupação circunspecta da morte, que, hoje, enclausura os povos: os medos de passear, as angústias de não se poder curtir a vida livremente, a insegurança que abandonou a lei.

Um escritor premiado

O escritor Aguinaldo Figueiredo disse ao PVA que prêmios não devem fazer um escritor se acomodar, porque se isso ocorrer, o escritor terá sido temporário desde que se descobriu escritor. E ele já arrematou vário deles com suas obras, em várias esferas de produção literária. Só o Prêmio Literário Cidade de Manaus, conhecido também como Prêmio Arhur Reis, promovido pela esfera da cultura municipal, Aguinaldo já faturou três vezes, na categoria de Melhor Ensaio Histórico.

Já tinha sido agraciado com a admirável obra “Samurais das Selvas: a Presença Japonesa no Amazonas”’ e “Nos Caminhos da Alegria: Roteiro Histórico e Sentimental da Boemia de Manaus”, e mais recentemente, em 2020, ele conquistou o Prêmio Arthur Reis com a obra “A indústria no Amazonas – Memorial Histórico”, no qual retrata a indústria em Manaus, descrevendo nomes que se destacaram até a chegada da Zona Franca, em 1967.

Aguinaldo Figueiredo é um escritor muito especial, e o Portal Voz amazônica e a Rádio Cultural da Amazônia agradecem sinceramente a acolhida respeitosa e agradável. | Foto: Synthia Queiroz/PVA.

O seu conhecido e plausível estilo de um historiador que sabe como ninguém garimpar fatos históricos faz dele um especialista que se consagra como um dos maiores e mais importantes escritores do estado do Amazonas, que nos enche de orgulho por sua produtividade fidedigna dos eventos amazônicos, tanto que suas obras figuram entre as mais utilizadas nas bibliografias acadêmicas.

Aguinaldo Figueiredo é membro do Instituto Geográfico e Histórico do Estado do Amazonas – IGHA, uma das instituições culturais mais antigas do estado. É um escritor muito especial para todos nós, e o Portal Voz amazônica e a Rádio Cultural da Amazônia agradecem sinceramente a acolhida respeitosa, e a disposição do autor em contar coisas curiosas e importantes que você pode conferir na nossa página no Facebook em: https://fb.watch/4xYvFznSru/, ou assista também no vídeo abaixo:

Da Redação:

Paulo Queiroz para o Portal Voz Amazônica e para a Rádio Cultural da Amazônia

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